Saturday, August 18, 2007

Os Corvos no Litoral Alentejano


Imagem tirada de http://www.naturlink.pt/

Em Odemira, há o jardim da Fonte Férrea, onde se dão passeios maravilhosos, por entre a mata, ou rumo ao chafariz do qual vêm águas ricas em ferro, avermelhadas, a fazer lembrar as águas de Glastonbury, no Reino Unido...O vermelho associado ao sangue do Cristo Andrógino; ao graal; ou ao sangue menstrual das sacerdotisas de Avalon.
Ora esse jardim era guardado por um corvo há uns anos atrás, o que dava um tom de mistério...Num sítio escondido, junto à casinha do proprietário, com as ferramentas de jardinagem, e junto àquelas árvores bem escolhidas, lá estava o corvo imponente e negro que nem as rochas do litoral!...
É no Alentejo e Algarve, onde há mais localidades e sítios com o nome corvo. No concelho de Odemira temos: Vale Corvo; Vale de Corvo de Baixo; Corvos...No concelho de Monchique temos Foz de Corvos. Temos Monte dos Corvos em Almodôvar...E por aí fora nesse sul tão místico!...
Segundo as lendas e tradições, o corvo sempre foi considerado com poderes sobrenaturais, com capacidade de se transformar em humano e com o dom da profecia. Era do corvo que se faziam amuletos ou talismãs...São Vicente foi levado numa barca por dois corvos até Lisboa. A bandeira de Lisboa tem os corvos e o barco a preto e branco. Os sacerdotes do paganismo de várias regiões faziam-se acompanhar por corvos. Os desenhos animados "Heckel and Jeckel" que tanto animaram a pequenada nos anos 60 e 70 tinham como personagens principais dois corvos. A série de televisão dos anos 90, de David Lynch, "Twin Peaks", tinha uma personagem estranha que se deixava acompanhar por um corvo e que ajudou o agente Dale Cooper na investigação da morte de Laura Palmer.
Mas porque é que no sul de Portugal, e principalmente no concelho de Odemira, há tanta referencia a corvos? Fica a questão em aberto...

Thursday, August 2, 2007

Nestes mares triangulares,
existe uma rede que nos tenta apanhar.
Nós, seres da bruma e do feminino
recusamos um isco sedutor
que vem de cima.
As correntes levam-nos para local incerto,
talvez para o começo de um mundo,
onde as nossas vozes que vêm das profundezas,
são as vozes dos pequenos seres
em luta contra gigantes donos de terras.
Riscamos as águas com lápis de algas
e sem notarmos bem,
há demasiada cor azul que nos entra
pelos corpos ansiosos de aventuras.
Os mares são sinais que uma mulher deixa
e os homens marinhos não alcançam
o centro impulsor marinho
espezinhado pelos gigantes solares...

André