Tuesday, March 27, 2007

Sines Arqueológica

Os Cinetes ou Kunetes

O nome de Sines poderá derivar do étimo latino sinus, que designa «baía» - o que é muito provável -, ou, segundo Arnaldo Soledade, de um povoamento proto-histórico promovido pela tribo dos Cinetes (ou Kunetes) - já identificados por Rufus Festus Avieno -, nome tribal ligado, mesmo que indirectamente, e do ponto de vista filológico, ao radical KN, relacionado igualmente com a palavra «oKeaNos», o que justificaria a sua relação quase que «genética» com os territórios costeiros e as finisterras lusitanas. O nome de cabo Cinético, porém, é dado por Avieno ao cabo de Sagres.

Fenícios e Púnicos

A sua situação de cabo proeminente e a localização que lhe permitiria um bom domínio da costa ocidental do Alentejo, com boas terras no seu hinterland, terão estado na origem de um estabelecimento costeiro fenício, cartaginês ou púnico. Se outros testemunhos não houvesse, já o nome pelo qual Avieno identifica na Ora Marítima ou Orla Marítima a pequena ilhota do Pessegueiro, ao largo de Porto Covo e a cerca de 10 km para sul, dando-lhe o nome de Poetanion (o que sugere topónimo de origem púnica), acaba por denunciar a presença cartaginês. Mas o mais importante vestígio é o chamado «Tesouro do Gaio», de cerca de VII a. C., um dos mais importantes conjuntos de joalharia ibérica proto-histórica. Os recursos minerais do Baixo Alentejo ( Cercal, Aljustrel), mas também os recursos tintureiros do mar de Sines, onde se encontra o molusco «Thais haemastona», utilizado para a extracção de púrpura, matéria sempre cara aos púnicos (não por acaso autodenominados «vermelhos»...), teriam levado à fixação cartaginesa.

in Enciclopédia dos Lugares Mágicos de Portugal, de Paulo Pereira

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