Como denuncia o seu nome nos itinerários antigos - Poetanion -, a ilha do Pessegueiro possui um passado púnico ou cartaginês. Mas o seu protagonismo, derivado de questões estratégicas em termos de navegação, mormente por tratar-se de ponto certo de abrigo para os navios atendendo ao estreito canal que forma com a costa vizinha - e que servia de fundeadouro -, fez da ilha um local reutilizado pelos Romanos. Mas é certo, segundo as investigações de Carlos Tavares da Silva e de Joaquina Soares, que a ilha só volta a animar-se a partir do século I d.C. Funcionando como porto de abrigo, é igualmente lugar de produção industrial, pelo menos desde o século II d.C. A especialização industrial dá-se nos séculos III-IV d.C., sendo cada vez mais importantes as ligações desta ilha a Sines, a Cetóbriga e Tróia. Na costa agrupa-se um conjunto significativo de cetátrias para o fabrico de salga de peixe. No século XVI foi ensaiada a construção de um novo cais, que foi gorada, restando os vestígios da tentativa. Assinale-se, por fim, a existência de uma pequena pedra isolada no meio do mar, na vizinhança imediata da ilha do Pessegueiro, sugestivamente chamada «Pedra da Mula», o que revela uma identidade toponímica com a Pedra da Mula ou Pedra da Mua do cabo Espichel e reforça a convicção de que estamos perante uma palavra cujo étimo - ou radical Mu - recua a tempos pré ou proto-históricos, deignando, nestes casos, «alto» ou «penhasco» (como o Mull britónico).
in Enciclopédia dos Lugares Mágicos de Portugal, de Paulo Pereira
De notar também que a serra do Caldeirão, onde nasce o rio Mira é também a serra de Mu.
Saturday, April 14, 2007
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